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Grupo Bom Jesus faz captações e expande atividades agrícolas

por Becker Direito Empresarial
12 de Dezembro, 2014

Com uma estratégia que envolve captação de recursos, alongamento do perfil do endividamento e expansão da produção agrícola, o Grupo Bom Jesus, com sede em Rondonópolis (MT), busca renovar o fôlego de uma acelerada expansão que já levou sua receita líquida ao patamar de R$ 2 bilhões em 2014, pelo menos dez vezes mais que no início da década passada.

Com atividades hoje espalhadas por 250 mil hectares, ainda concentrados em Mato Grosso, o Bom Jesus produz sobretudo soja, milho, algodão e sementes. Tem nas operações de barter (adiantamento de insumos em troca de futuras colheitas) outra parte importante de seus negócios, e também está presente na pecuária bovina, na suinocultura e em transportes, além de ter um braço no varejo de combustíveis.

A estratégia que agora vem à tona não descaracterizará o grupo, mas vai privilegiar o aumento da produção no extremo oeste da Bahia, onde áreas de plantio vêm sendo adquiridas desde 2010. Conforme Valdoir Slapak, diretor financeiro do Bom Jesus, em 2013 as terras próprias na região já somavam 70 mil hectares. Desse total, quase 10 mil já foram desenvolvidos, e a Secretaria do Meio Ambiente do Estado acaba de aprovar a abertura de mais 32 mil.

Slapak estima que a área em produção na Bahia será de mais de 50 mil hectares, com foco na soja. A projeção inclui Piauí, já que a investida do Bom Jesus é próxima da fronteira entre os dois Estados. Essa expansão absorverá boa parte de um montante de R$ 140 milhões obtidos em uma linha de crédito de 12 anos do Banco do Nordeste. E, para diluir sua alavancagem, o grupo conta com outras duas captações.

A primeira delas já foi concluída. O empréstimo, tomado na modalidade de Pré-Pagamento de Exportação (PPE), envolveu US$ 60 milhões e foi fechado com os bancos Rabobank e Santander. O prazo da operação é de cinco anos e, conforme o Valor apurou, prevê taxa de entre 7% e 8% ao ano, mais variação cambial. A empresa não confirmou essa informação.

 

Nas próximas semanas, revela Slapak, o grupo deverá fechar outra operação do gênero, desta feita de US$ 80 milhões com um grupo de bancos (o número ainda está indefinido) liderado pelo Itaú BBA. Com os investimentos na Bahia e as duas captações em moeda americana, o nível de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) do Bom Jesus deverá ficar entre 3 vezes e 3,2 vezes. Atualmente, está em 2,8 vezes.

Maiores do que a média das operações financeiras que vinham sendo feitas nos últimos anos, os valores dos empréstimos e captações recentes refletem uma profunda reestruturação em curso há pelo menos uma década e que já colocam o grupo, conforme seu diretor financeiro, em um novo patamar de governança. Não necessariamente o Bom Jesus partirá para uma emissão de bônus ou para a abertura de seu capital por causa disso - mas, de acordo com Slapak, é preciso fazer o dever de casa e estar preparado para tudo.

Nesse processo, uma das primeira medidas foi a transferência da condução do dia a dia dos negócios das mãos do fundador Luiz Vigolo para seus filhos Nelson e Geraldo Vigolo. Nelson, 51 anos, é hoje o presidente do grupo, enquanto Geraldo, 50 anos, é que quem conduz os investimentos agrícolas. Na área agrícola, por sinal, o modelo de negócios do Bom Jesus contempla a participação de sócios minoritários.

Mas o processo de profissionalização continua, e seu aprofundamento vem sendo costurado com o apoio de um escritório de advocacia. Em um futuro não muito distante, a ideia é estabelecer um conselho de administração forte, diretamente comprometido com o rumo dos negócios, e que os irmãos Nelson e Geraldo tenham nele seus assentos.

Outro ponto que concentra as atenções no grupo fundado na segunda metade dos anos 1970 pelo paranaense Luiz Vigolo é ampliar as sinergias entre suas três principais divisões de negócios. Há grande expectativa com a área logística, ainda que não exista no radar um projeto para contar com grandes estruturas nessa frente - um terminal portuário, por exemplo.

Nesse contexto, Nelson Vigolo salientou, em nota, que a captação recém-concluída com os bancos Rabobank e Santander (a operação foi coordenada pelo Rabobank) foi um excelente sinal. "O resultado da operação confirma a confiança da comunidade financeira na empresa e na solidez dos nossos negócios".

Fonte: ttp://www.valor.com.br/agro/3810248/grupo-bom-jesus-faz-captacoes-e-expande-atividades-agricolas?

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